EVANGELHO X INSTITUCIONALIZAÇÃO
“Um pouco além de uma costa rochosa e muito
perigosa, onde sempre ocorria naufrágios, foi construída uma pequena estação
salva vidas. O prédio em si nada mais era do que um simples barracão, mas uma
equipe treinada de 12 membros dedicados vigiava constantemente, buscando
atenta, no mar turbulento, as almas perdidas. Muitas vidas foram salvas por este corajoso grupo e
assim a estação se tornou famosa. Alguns dos salvos, por especial gratidão,
quiseram associar-se à estação e dentro em pouco tempo moradores da vizinhança
também fazia parte dela, oferecendo generosamente seu tempo e talento para
manterem esta magnifica obra. Com toda essa ajuda, foi possível comprar mais
barcos e organizar novas equipes. Era bom ver como crescia a pequena estação!
Mas alguns dos novos membros estavam descontentes com as instalações simples
demais do pequeno barracão. Sugeriram
então, que um local mais confortável e que abrigasse melhor todos os que eram
salvos do mar fossem encontrado. Ficou afinal resolvido construir um novo prédio,
muito mais adequado. Em lugar de leitos toscos de emergência colocaram camas
autênticas e móveis compatíveis. A estação, em suas novas condições,
adequava-se agora a realização de atividades sociais e seus membros decoraram
seu novo clube de maneira luxuosa. Aconteceu, porém, que os sócios queriam cada
vez menos arriscar a vida para salvar os náufragos e contrataram, então, equipes
profissionais para substituí-los neste difícil trabalho.
O tema das decorações oficiais e os adornos
artísticos do clube ainda representavam simbolicamente o mar e o heroísmo de
seus fundadores. Havia também um barco no salão principal e os novos
salva-vidas eram iniciados através de um completo ritual. Houve a seguir mais
uma tragédia terrível. Um grande navio soçobrou e as equipes contratadas
levaram até a estação centenas de vítimas. Estas, representando todas as raças
e camadas sociais, com frio e exaustas. Colocados nas bonitas camas e belos
estofados, os pobres náufragos, deixaram tudo em desordem. A diretoria da estação ficou aborrecida e resolveu não
receber mais pessoas sujas e encharcadas. Quando os sócios souberam desta
decisão, resolveram dividir esta sociedade. A maior parte achou melhor
suspender inteiramente todas as atividades relacionadas com a salvação de vidas,
pois elas interferiam com a vida social do clube. Outros membros, porém,
reclamaram, lembrando que salvar vidas no mar era o objetivo principal da
existência da estação. Mas foram derrotados pela maioria, declarando esta que
se insistissem em continuar salvando vidas, teriam que começar sua própria
estação em outro local. E foi isso que fizeram. No início salvaram muitas
pessoas, mas com o passar dos anos a nova estação sofreu as mesmas modificações
da primeira. Transformou-se em outro clube e surgiu-se assim a necessidade de
abrir uma verdadeira estação salva-vidas”.
Esta triste estória simboliza o que? O cristianismo? A igreja já tem os
seus aspectos sociais, mas o seu propósito básico é salvar vidas espirituais de
toda raça, nação, cidade e povoado do mundo inteiro, quer essas pessoas sejam
boas ou não. Do livro: “Missão de
Deus de Teston Gilpatrick)
“NA DINÂMICA do campo
religioso brasileiro, grupos diferentes surgem constantemente, permanecendo
alguns, desparecendo outros. Este trabalho constitui uma tentativa de mostrar
como esses grupos situam-se num gradiente que caminha do momento inicial de um
grupo até sua institucionalização final, seja em forma de igreja ou outra
segundo sua maneira de instituir o sagrado”.
“As religiões se organizam de maneira que,
com muita frequência, o argumento da busca de Deus é
administrado de forma que, na realidade, o que se consegue é “poder”,
“dinheiro” e “privilégios”. Isto é o que o Evangelho de Jesus não suporta”,
escreve José María Castillo, em artigo
publicado por Religión Digital, 19-07-2017. A
tradução é do Cepat.
Religião é um conjunto de crenças e filosofias que são seguidas,
formando diferentes pensamentos. Cada religião tem suas diferenças quanto a
alguns aspectos, porém a grande maioria se assemelha em acreditar em algo ou
alguém do plano superior e na vida após a morte. Entre a grande quantidade de
religiões existentes hoje no mundo, existem aquelas que se sobressaem e
conseguem conquistar um grande número de fiéis. Podemos enumerar: Judaísmo,
Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo e Budismo.
Religião é um sistema qualquer de ideias, de
fé e de culto. Religião é um corpo autorizado de comungantes que se reúnem
periodicamente para prestar culto a um deus, aceitando um conjunto de doutrinas
que oferecem algum meio de relacionar o indivíduo àquilo que é considerado ser
a natureza última da realidade.
O Evangelho, por
sua vez, é Cristo crucificado, sua obra consumada na cruz. E pregar o Evangelho
é apresentar Cristo publicamente como crucificado. O Evangelho não é apenas as
Boas Novas de um neném na manjedoura, de um jovem numa banca de carpinteiro, de
um pregador nos campos da Galiléia, ou mesmo de uma sepultura vazia. Não! Pelo
contrário. O Evangelho trata de Cristo na cruz. O Evangelho só é pregado quando
Cristo é “publicamente exposto na sua cruz”, levando sobre si os nossos
pecados, e a ressurreição de Jesus nos garantindo que ELE tem todo o poder e
que a morte foi vencida em Cristo Jesus. A religião é obra, é criação de Deus;
a religião busca méritos nos homens. O Evangelho é obra do Senhor e é o próprio
Senhor, no Evangelho todo o mérito pertence a Deus, toda a glória pertence
ao Senhor, o Evangelho é Deus buscando homem, vindo resgatar o homem perdido
(Jo 3:16, Ef 2:8).
A religião atua segundo
o princípio “obedeço, logo, sou aceito por Deus”, mas o evangelho funciona
segundo o princípio “sou aceito por Deus por meio do que Cristo fez, logo,
obedeço. Na religião, tentamos obedecer aos padrões divinos por medo.
Acreditamos que se não obedecermos, perderemos a benção de Deus neste mundo e
no próximo. No evangelho a motivação é nossa gratidão pela benção já recebida
por causa de Cristo.
Em um contexto religioso, sentimos estar satisfazendo os
padrões religiosos que nós mesmos escolhemos, daí a sensação de superioridade e
o desdém com relação aos que não seguem o verdadeiro caminho. O evangelho
cristão diz que somos tão falhos que Jesus precisou morrer por nós, mas ainda
assim somos amados e valorizados (e Jesus fez questão de morrer por nós). Isso
leva, ao mesmo tempo, a uma humildade profunda e a uma profunda confiança.
Acaba tanto com a presunção quanto com a lamúria. O cristão não pensa mais ou
menos de si.Em vez disso, o
cristão pensa menos em si.
Até o século IV não havia a palavra cristianismo, isto é, não havia a
religião, não havia a instituição, o que havia era O POVO DO CAMINHO, O POVO
QUE, EM ATOS 11:16, É CHAMADO DE CRISTÃO, até que Constantino se “apodera das
Boas Novas”, tenta “domesticar” o povo do Caminho e a fé deste povo, e cria o
cristianismo, onde, na maioria das pessoas, não existe mais a conversão pelo
Espírito Santo (novo nascimento) e sim a conversão para agradar ao imperador
Constantino. O
evangelho é a superação da religião. O cristianismo é uma religião. O evangelho
é, portanto, a superação do cristianismo.
O Evangelho busca o homem por amor a Deus e por amor a Deus
aprende a amar o próximo como a si mesmo, a institucionalização usa o nome de
Deus para ganhar fama e poder e abusa do próximo, ainda dizendo que o ama, para
demonstrar a sua fama e poder.
A religião-institucionalização tenta se apoderar do Evangelho e,
consequentemente, modifica-lo. A instituição é saudável, pois a instituição é
um instrumento para pregar o Evangelho, para fazer Jesus conhecido, mas quando
a instituição virá o fim em si mesmo, quanto a instituição vira a religião, a “detentora
do Evangelho”, ela deixa de ser instituição saudável e vira institucionalização
maquiavélica.
Jesus nunca aboliu as sinagogas e o templo, mas vivendo a vida
como a vida é, transbordando o Evangelho na caminhada de sua existência, ele
quis mostrar para os religiosos, para os institucionalizados, o que São As Boas
Novas, o que é o Evangelho da Salvação.
Timothy
Keller, em seu livro Fé na Era do Ceticismo, afirma existir um
grande abismo entre a visão de que Deus nos aceita em decorrência de nosso
esforço e a visão de Deus nos aceita com base no que Jesus fez.
“Estai, pois,
firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos
debaixo do jugo da servidão”. Gálatas 5:1
“Mas, se sois
guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei”. Gálatas 5:18
“As quais
coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As
quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária,
humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a
satisfação da carne”. Colossenses 2:22-23
NELE, que nos libertou para vivermos nELE, Rogério do Amaral
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