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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

PEQUENOS-GRANDES NOBRES GESTOS - ROGÉRIO DO AMARAL






PEQUENOS-GRANDES NOBRES GESTOS

“E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o ungüento. Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora. E respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre. Um certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinqüenta. E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais? E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: Julgaste bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e mos enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento. Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. E disse-lhe a ela: Os teus pecados te são perdoados”. (Lucas 7:38-48)
            Não peguei na íntegra a época em que as pessoas eram, andavam e se alegravam com as coisas simples da vida – almoçar em família; conversar à beira de uma fogueira; tirar o leite da vaca pela manhã; dormir cedo e acordar cedo; pedir a benção aos pais; dizer e cumprir o que fora dito e combinado, pois a palavra valia mais do que qualquer assinatura; época em que o vizinho era como o bom parente mais próximo e era um prazer deixar o portão aberto para quando ele quisesse entrar e tomar um café; ver os filhos dos filhos crescerem, etc. infelizmente não peguei esta época em que as pessoas eram, de maneira geral, honradas e se alegravam pelo simples e glorioso fato de estarem vivas e terem a sua família em volta de si, com saúde; época em que um olhar dos pais falava mais do que qualquer discurso de disciplina, época em que o castigo e ou a palmada aos filhos eram a correção de amor para que os filhos fossem gente boa de Deus, fossem pessoas educadas e respeitosas, época em que o professor era um formador e como tal, e como pessoa de grande valia numa sociedade, era respeitado em todos os sentidos. Época boa, creio eu.
      Então vem a revolução industrial, entre outras coisas, e a mentalidade mudou. As pessoas querem possuir cada vez; desejam cada vez mais coisas Faraônicas (isto já invadiu as igrejas); querem cada vez mais ter e cada vez menos ser. As pessoas lançaram-se de tal maneira às posses que criaram um enorme abismo entre elas, dentro de si mesmo e entre elas e Deus.
      Nesta nova e terrível visão da vida, neste sentimento materialista, egocêntrico e individualista colocaram o seu relacionamento com Deus como algo de somenos, como algo sem importância e, quando muito, na maioria, colocaram Deus como um instrumento, um meio para realizar os seus próprios desejos egoístas; muitos chegam a achar que agradam a Deus pela quantidade de coisas e dinheiro que possuem, isto é, acham que as posses “testemunham que Deus deu”, assim sendo acreditam que Deus só é Deus se ELE dar coisas materiais e, por consequência, se a pessoa tem muitas posses Deus está se agradando dela e ela se agradando de Deus (dentro deste raciocínio Deus deve estar satisfeito com a máfia italiana, entre outras).
      Levando esta visão para a religião enquanto instituição, olhamos as pessoas construírem templos enormes e luxuosos e alegarem que Deus gosta do melhor, sendo que não enxergam que a melhor posse é a de acumular vidas ganhas para Jesus, que a melhor posse e não deixar o próximo necessitado, que a melhor posse é fazer tudo no e em amor (amor segundo o amor de Deus), que a melhor posse é ser o bom perfume de Deus na terra, que a melhor posse é ser um instrumento de justiça, que a melhor posse é ser o bom perfume de Deus nesta terra; e que o melhor para Deus é o que é simples, verdadeiro e feito com amor (“Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” - Sl 51:17) e, enquanto vivem nesta vida de barganhas, nesta vida de posses na terra, nesta vida egocêntrica, estão longe da paz, pois as posses não as satisfazem e ficam na busca desenfreada de quererem cada vez mais e o mais nunca é o bastante; esquecem de olhar e querer abençoar o próximo; perderam o prazer na família, no cuidar dos filhos (agora quem cuida é a babá ou a TV), perderam o amor por evangelizar cada pessoa, de levar ao outro o conhecimento que o melhor da vida é Jesus, pois só Jesus dá vida em abundância e vida eterna. Estão passando pela vida sem desfrutar o que realmente é vida, o que realmente dar paz, alegria e dar comunhão com Deus e com o próximo.
      Hoje vemos um mundo violento, sem amor, mesmo vendo o número de “cristãos” crescendo. Talvez o povo, na época que Jesus veio, pensasse que agradaria Jesus com grandes orações, com templos belíssimos, com posturas seriíssimas, com grandes pompas, etc. Mas aí vem uma mulher e faz gestos simples, porém o faz em amor, sem vergonha de amar, ignorando o que a mídia e os “amigos” diriam, mas simplesmente amando e se importando com o que Jesus acharia e diria, querendo agradar tão somente o Criador, Senhor e Salvador.
      Quero dizer que quase nunca Jesus bate palmas para o que é grandioso, mas sempre bate palma para o que é glorioso, o que é humano e feito em amor.
      Pensemos em como estamos vivendo e quais têm sido os nossos objetivos nesta vida que Deus nos deu. Experimente olhar os pássaros, o vento, o mar, os filhos, o cônjuge, etc e se alegrarem pela vida que há em Jesus e que Ele deseja para você e para mim.
      NELe, que ama o que é simples e nobre e que ama você pelo que você é e não pelo que você tem,
      Rogério do Amaral

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