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segunda-feira, 30 de julho de 2018

PAIS, NÃO PROVOQUEIS A IRA A VOSSOS/AS FILHOS/AS - Pr ROGÉRIO AMARAL




“E vós, pais, não provoqueis à ira os vossos filhos, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor” (Ef 6:4).
“Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não fiquem desanimados” (Cl 3:21)

         Em minha experiência como pai, tio, tio-avô e pastor, tenho visto dois erros graves cometidos pelos pais, no tocante a criação de seus filhos:
(1) ausência de disciplina;
(2) disciplina descontrolada (excesso de disciplina).
         O cristianismo é realmente impressionante! O cristianismo não deixa por menos quando o assunto é ordenar e instruir aos que também são autoridades. Não é porque os pais são autoridades sobre seus filhos que eles também não tenham algo a aprender. Isso mostra que somente Deus é autoridade absoluta. Todos os que foram investidos de autoridade o foram sob a delegação divina e, por isso, são obrigados a exercê-la de modo coerente e adequado aos ditames de QUEM A DELEGOU. Vejamos então como devem proceder os pais cheios do Espírito Santo.
1.  Cuidado com a Correção Descontrolada:
Nesta minha caminhada cristã e, principalmente, pastoral eu recebi muita ajuda de livros sobre família e criação de filhos, mas o que vou dizer em seguida é algo que está no meu coração e que ministrei na Igreja Metodista em Curicica no mês de maio do corrente ano; aqui estará de maneira resumida, visto que lá foram 3 pregações sobre o tema. É um encargo pesado que preciso repartir com os pais, pois acredito que muitas situações negativas nos lares podem estar relacionadas com a questão da autoridade sem medida e a correção desgovernada. Os pais precisam entender que não possuem a autoridade própria para corrigir os filhos; a autoridade deles é delegada, isto é, eles recebem o direito de exercê-la em nome de outro. Deus é a Única e Verdadeira autoridade e por isso, qualquer desvio na aplicação dessa autoridade coloca os que fazem uso dela numa condição passível de repreensão. Foi o que aconteceu com Moisés quando Deus lhe mandou que falasse com a Rocha e ela daria água para o povo. Moisés, irado, representou mal a Deus, “falou irrefletidamente com sua boca” (Sl 106:33). Imediatamente ele se tornou merecedor de juízo e não pôde entrar na terra de Canaã. Os pais quando corrigem seus filhos devem ter isso em mente sempre: eles são apenas representantes da autoridade de Deus; se agirem de forma descontrolada, estarão dizendo com sua atitude que Deus também está descontrolado. Isso é muito sério e deve ser considerado pelos pais. Obs.: (Destaco aqui o fato de que devemos entender que em Efésios 6:4 o versículo necessita de uma melhor tradução no português. Isso porque na tradução em português não nos permite diferenciar o verdadeiro significado: no grego existe uma palavra para pais (pai e mãe / versículo 1 de Efésios 6) e uma outra palavra para pais (apenas os homens, à paternidade / Versículo 4 de Efésios 6) – no inglês também é assim, já em português a palavra “pais” serve para as duas situações); isto é, esta passagem fala aos pais (paternidade), embora seja óbvio que as mães não estão livres para atormentar seus filhos, não têm carta branca para irritá-los. Mas onde o apóstolo Paulo quer chegar é que, ao contrário do que se pens, são os pais (paternidade / homens) que receberam a tarefa de alimentar, nutrir, ensinar, instruir aos seus filhos na advertência do Senhor, isto é, segundo a Palavra de Deus; é claro que as mães então juntas nisso, estão inseridas neste chamado.
2.  Cuidado com Disciplina sem Medida:
Temos um outro exemplo no Antigo Testamento que pode ser aplicado ao que estamos tratando. Quando Israel se desviava do caminho, Deus enviava outra nação para castigar o Seu povo, mas a correção tinha um limite que não podia ser ultrapassado; se uma nação usada como vara na mão do Senhor ultrapassasse do limite, Deus levantava outro povo para castigar aquele que havia ultrapassado o limite estabelecido pelo Senhor. Assim também acontece com os pais: se eles não obedecem ao limite da disciplina, o Senhor enviará a Sua vara sobre eles através de outras situações. Isso talvez explica muita das dificuldades enfrentadas nos lares dos filhos de Deus. Os próprios pais estão debaixo da disciplina de Deus sem terem conhecimento disso;
3.  Cuidado com os Limites Desrespeitados 
Um outro exemplo sobre isso está na discrição que Paulo deu a respeito dos açoites que recebeu dos judeus: “dos judeus cinco vezes recebi quarenta açoites menos um” (II Co 11:24). O que significa isso? Paulo recebeu cento e noventa e cinco chibatadas dos judeus. Por que não duzentas? Por causa da lei que dizia: “Até quarenta açoites lhe poderá dar, não mais; para que porventura, se lhe der mais açoites do que estes, teu irmão não fique envelhecido aos teus olhos” (Dt 25:3). Paulo era considerado um inimigo pelos judeus, mesmo assim eles tiveram o cuidado de não ultrapassar o limite estabelecido pelo Senhor. Mas não eram permitidas até quarenta chicotadas? Por que Paulo recebeu trinta e nove? Porque naturalmente quem aplica o chicote pode perder o controle e ultrapassar o limite estabelecido. Quem disciplina deve estar sobre controle; isso é demonstrado nas trinta e nove chicotadas que Paulo recebeu. Quando o pai e a mãe começam a corrigir o filho, é muito fácil eles perderem o controle e usarem o chinelo ou a cinta em algumas vezes além do necessário. Se isso acontecer, aquele que aplica o chicote chamará a disciplina sobre si mesmo. Além do mais, os pais devem lembrar que Deus designou anjos protetores para os pequeninos. Jesus disse que “os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai, que está nos céus” (Mt 18:10). Por causa dos pequeninos os anjos podem ver a face do Pai nos céus diariamente. Isso indica que havendo situação de injustiça na terra para com uma dessas crianças, os anjos vão diante do Pai e atuam em favor delas. Se elas são maltratadas ou injustiçadas, isso será relatado ao Pai celestial.

Mas não devemos ter o cuidado apenas com o ato de corrigir, seja com vara, com chinelo ou cinta. Existem outros aspectos que precisam ser lembrados, se os pais almejam verdadeiramente disciplinar seus filhos dentro da vontade do Senhor. Mais uma vez lembro ao prezado leitor que as advertências aqui mencionadas vão ferir seu ego. É preciso coragem para enfrentar a realidade dos erros cometidos pelos pais, todavia uma mudança na forma de corrigir os pequeninos é de tremenda importância e seus resultados de valor inestimável para uma vida saudável no lar;
4.  Cuidado com a Falta de Tempo:
Os que trabalham fora, principalmente o pai, embora esta realidade tenha mudado consideravelmente, que normalmente passa o dia fora de casa, se esquecem completamente da necessidade que os filhos pequenos têm da presença deles. Eles saem de manhã e, se voltam para o almoço, é um tempo mínimo de contato com os filhos. Alguns levam os filhos para escola sejam de manhã ou ao meio dia e depois só retornam à noite. Quando chegam do trabalho, não desejam ser incomodados com os incessantes pedidos dos pequeninos para brincar um pouquinho (DIGO A VOCÊ, PARE O QUE ESTÁ FAZENDO E OUÇA O SEU FILHO, MOSTRE PARA ELE QUE ELE É IMPORTANTE DANDO ATENÇÃO A ELE, QUEM SABE VOCÊ ATÉ APRENDE ALGO COM O QUE ELE ESTÁ FAZENDO E OU DIZENDO). O egoísmo de certos pais é tão grande que eles chegam a repreendê-los para terem sossego. Não há tempo para chutar bola, brincar de carrinho, quebra-cabeças ou qualquer outra coisa. O interesse deles é sempre outro menos o de ouvir-brincar-ver o seu filho. Os pequeninos têm mais contato com as pessoas de fora do que com os pais (e principalmente o pai). As mães que não trabalham fora desfrutam um pouco mais da companhia dos filhos. Tais pais não conseguem ver que é necessário investir nos filhos (é o que de mais importante você pode fazer na vida) e dar atenção a eles. O tempo passa e eles não aproveitam aqueles anos preciosas da inocência desses “bichinhos adoráveis”. Quando dão por conta eles já cresceram e se tornaram adultos. Que perda irreparável!
5.  Cuidado com as Atitudes e Palavras Ásperas
Sinto um grande aperto no coração quando presencio a forma rude, bruta e sem compaixão dos pais para com seus filhos pequeninos. Em alguns casos podemos usar até a expressão bem forte: é uma verdadeira covardia. Os pequeninos, indefesos no sentido físico, psicológico e espiritual, não são respeitados em seus direitos de criança. Geralmente são tratados como se fossem adultos rebeldes ou como se fossem soldados no quartel sendo comandados por um cruel general. As palavras e atitudes dos pais geralmente vão além do necessário. Uma criança faz algo errado e os pais dão berros e gritos com ela; alguns chegam a rosnar como se fossem irracionais. Para não falar da postura já errada dos pais que assim agem, é preciso lembrar que esse é o ensino que a criança está recebendo. Amanhã ela vai devolver, vai repetir, vai reproduzir exatamente o que viu o pai e a mãe fazendo. Você já viu a expressão do seu rosto quando está corrigindo seu filho? Não! Ah, você precisa ver. Certamente vai pensar que é outra pessoa! Tenham cuidado para não provocar medo em seus filhos. Gritarias e repreensões intermináveis só produzem crianças reprimidas e sonsas. Sejam mansos e dóceis para com seus filhos, principalmente os pequeninos. Não sejam ásperos, ríspidos ou duros com seus filhos. “Daí e dar se vos á” é o ensinamento da palavra de Deus;
6.  Cuidado com as Cobrança Constante:
Que coisa triste e lamentável é ver os pais cobrando o tempo todo dos filhos. Se alguém anotar durante o dia todo quantas vezes o pai ou a mãe chama a atenção de um filho, com certeza terão um choque tremendo. Isso demonstra que os pais não têm consciência de estarem treinando seus filhos para Deus e para a sociedade. Não há espaço para erro. Os pequeninos entram para o quartel com dois ou três anos de idade e recebem exigências que não poderão cumprir. O resultado é castigo após castigo, grito após grito, não após não. Se isso acontece em um determinado lar, o resultado inevitável será um espírito de desânimo alojado no espírito da criança. Essa foi a advertência do Senhor em Colossenses 3:21. Filhos irritados perdem o ânimo para enfrentar a vida. Perdem o ânimo para aprender, para empreender, etc; Os pais também precisam entender que os filhos também pensam – graças a Deus – e assim sendo eles também querem entender o que fazem, porque fazem, porque podem e porque não podem.  Mas acaba que tudo o que os filhos conhecem é repreensão e critica. Os pais que não aprendem a elogiar e incentivar os filhos pequenos, nunca terão sucesso com eles no futuro. 
Veja esta história: “Um pai trabalhava na horta e seu filho pequenino o ajudava. O vizinho notou que a criança arrancava as verduras e deixava os matos e disse ao pai: olha vizinho, seu filho vai dar um grande prejuízo agindo assim. O pai lhe respondeu: não, caro vizinho, não vou ter nenhum prejuízo. Eu não estou cultivando minha horta; eu estou investindo no meu filho”. Quanto prejuízo nosso Pai celestial tem conosco, Seus filhos adultos; quantas vezes erramos fazendo a mesma coisa e Ele sempre nos oferece uma segunda chance. Devemos aplicar o mesmo tratamento aos nossos filhos!
7.  Cuidado com o Incentivo para Errar:
Certas atitudes de alguns pais são exatamente como a tentação que vem do maligno. O que quero dizer com isso? Simplesmente que os pais tendo conhecimento de certas dificuldades que os filhos têm, ainda insistem para que eles ajam de forma diferente. Por exemplo: um filho não gosta de nata no leite, mas os pais insistem em oferecer um copo de leite com bastante nata. Se eles recusam são repreendidos e castigados. Palavras duras são usadas e a personalidade da criança é esmagada. Uma criança tem medo de escuro, mas os pais a colocam em um quarto fechado e com a luz apagada. Quando fazem isso estão agindo no mesmo princípio do Diabo: é uma tentação. Os pais podem não gostar de determinadas coisas, mas os filhos não têm esse direito. O pai não gosta de jiló, a mãe não gosta de peixe, mas os filhos têm que gostar de tudo. Dois pesos e duas medidas!
8.  Cuidado com os Padrões não Atingíveis
Considero uma verdadeira crueldade estabelecer alvos para os filhos, quando sabemos de antemão que eles não possuem condições de alcançá-los. Conheci um bom pai que não aprendeu certas leis fundamentais para a criação dos filhos (e por isso não o critico). Ele queria de toda forma transformar um filho que era desenhista nato em motorista de caminhão. Esse filho foi profundamente afetado em sua vida profissional por causa dessa exigência. Ele não conseguia atingir o nível estabelecido por seu pai e ficava frustrado. Ele perdeu praticamente o sentimento de respeito próprio. Isso veio a refletir até em sua própria família mais tarde. Essas coisas trazem desânimos sobre os filhos e provocam situações muito piores. 
Não ouso criticar esse velho pai, porque ele não recebeu nada além disso. Mas aqueles que podem aprender e muitas vezes são aconselhados por aqueles que já passaram por esse caminho e mesmo assim continuam estabelecendo padrões não alcançáveis para seus filhos, a esses eu critico fortemente. Mais ainda, me sinto na obrigação de chamar sua atenção para as sérias consequências que resultarão;
9.  Cuidado para não levar o seu filho a mentir:
Outra coisa que os pais geralmente fazem com os filhos pequenos é provocá-los a mentir. Como isso acontece? Digamos que os pais já tenham conhecimento de algo errado que um filho fez. O pequeno está na sala brincando sozinho. De repente ouve-se um barulho e a mãe para lá corre e constata que um vaso de planta foi jogado ao chão. A terra está espalhada e a planta toda quebrada. As janelas estão fechadas impedindo a passagem de vento; é óbvio, portanto, que a criança fez a arte. Aí a mãe pergunta: Quem fez isso? Tal atitude é a mesma coisa que provocar uma mentira. Devemos perguntar quando não sabemos e não há nenhuma evidência do autor. Mas nesse caso, estaremos dando uma chance à criança de mentir. Isso é condenável!
10.              E quando os Pais Erram:
Todos os pais têm seus erros. Quem os disciplinam quando erram? Se quebram um prato, um copo, se derramam suco na toalha, se entram com os pés sujos de barro dentro de casa, quem os corrige? Como não há outro maior do que eles dentro de casa, tudo fica do mesmo jeito! Isso significa que há dois pesos e duas medidas, não é mesmo? Será que os pais se lembram disso? Eles cobram dos filhos todo o tempo, mas eles mesmos passam por cima de todos os erros! Não é uma atitude esquisita? Se os pais se sentem desanimados em um dia muito quente, podem deixar de fazer suas tarefas, podem dormir de tarde, podem faltar ao trabalho, podem deixar de almoçar e jantar, podem assistir TV em uma hora não muito apropriada, etc. Mas os pequeninos não! Para eles existem Leis que não podem ser quebradas! Como a Lei Áurea é esquecida nessa questão de criação dos filhos: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo! Isso se aplica também aos filhos. Eles são o nosso próximo e de uma forma especial. Por isso sempre que você pode fazer algo que entende que os seus filhos não podem, busque explica-los o porquê eles não podem e vocês podem, assim eles saberão que não se trata de dois pesos e duas medidas; no entanto, tenha a certeza de que de fato não estão usando dois pesos e duas medidas e sim tem a ver com a questão de maturidade;
11.              Tenham cuidado para que as suas Orações Impedidas:
Queridos pais, me permitam ser ainda mais franco com vocês. Existem situações em suas vidas por resolver? Orações não respondidas? Ausência de vitória na vida cristã? Com temor e tremor diante do Senhor, aconselho a vocês que considerem em oração como vocês têm tratado os seus filhos. Pensem comigo: Se um líder agir errado para com uma ovelha e não se retratar, Deus não irá corrigi-lo? Se um patrão crente pratica injustiça com um empregado, Deus não tratará com ele? Certamente que sim. O Apóstolo Pedro disse que as orações dos maridos podem ser impedidas diante de Deus, se eles não tratarem suas esposas corretamente (I Pe 3:7). O mesmo princípio pode ser aplicado ao tratamento que os pais dão aos seus filhos, porque Deus não faz acepção de pessoas. 



Rogério Amaral



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