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domingo, 22 de julho de 2018

SAUDADES CRÔNICAS - Pr ROGÉRIO AMARAL




SAUDADES CRÔNICAS

Sinto saudades da época em que os encontros se bastavam pela alegria do próprio encontro em si;

          Sinto saudades dos abraços que eram dados em abraços pela maravilhosa expressão que dizia à/ao outro/a: lhe quero aqui;

          Sinto saudades das ajudas que eram dadas-feitas sem a pretensão de dizer que era melhor do que o/a outro/a e ou do que para satisfazer o próprio ego e ou pelo interesse;

          Sinto saudades da época em que se perguntava à/ao outro/a se estava tudo bem e esta pergunta significa a preocupação verdadeira com o bem-estar do/a outro/a;

          Sinto saudades de quando o socorro dado a alguém era tão somente e maravilhosamente um ato de misericórdia e amor nascido no coração e não uma busca por reconhecimento e ou aplausos;

          Sinto saudades de quando alguém almejava uma liderança e este alguém a almejava por entender que podia ser uma benção, um ajudador na/para/a vida de outros;

          Sinto saudades de quando o sorriso não era algo para uma self e sim um resultado do contentamento pelo milagre chamado vida;

          Sinto saudades de quando o caminhar quilômetros representava a alegria da companhia com quem se caminhava, não como hoje que o mais importante é saber com que carro se caminha;

          Sinto saudades das verdadeiras amizades onde se podia um/a amigo/a dizer à/ao outro/a o que pensa e sente sem ser interpretado como um inimigo;
          
          Sinto saudades de quando as amizades tinham a preocupação do bem estar do outro e não se utilizava “os/as amigos/as” para obter realizações de interesse próprio;

          Sinto saudades da época em que as duras verdades ditas com amor eram mais valorizadas do que as suaves mentiras ditas para “ficar bem” com todos/as;

          Sinto saudades de quando se conversava olhando nos olhos do/a outro/a pois se sabia que cada um/a podia ser e fazer conhecer quem realmente é;
      
     Saudades de quando a palavra dada valia mais do que um documento assinado, pois de fato a palavra era sim sim e não não, visto que a palavra proferida num acordo significava a honra da pessoa;

               Saudade de quando a brincadeira de criança era realmente de criança, cheia de inocência e permeada das gargalhadas livres de maldades e preconceitos e sem o desejo de aparecer adultos;

        Sinto saudades que um dia na praia com os/as amigos/as, comendo pão com mortadela, era mais intenso e cheio de alegria do que comer em caros restaurantes somente para mostrar para outros/as e ou para o próprio ego.

          São tantas as saudades, mas tantas que hoje eu vivo saudades crônicas. Espero não está vivendo saudades da época em que se sentia saudades de algo que se poderia realizar uma vez mais.

          Estava com saudades de escrever as coisas do meu coração.

          Rogério Amaral

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